As coisas estão no mundo
Só que eu preciso aprender
Paulinho da Viola
Eu, a medida de todas as coisas?
As coisas estão no mundo
e todos os dias me espanto com elas.
Espanta-me o grito profundo
dos violentos pássaros matutinos.
A pedra inerte
no meio do caminho
ou servindo de ariete
nas mãos do indignado estudante coreano
espanta-me.
Maior mistério não há
do que a cruel sucessão das estações,
ano após ano.
Assustam-me os sons
ecléticos do quotidiano:
buzinas, choros, canções.
Igualmente: o áspero açoite
do vento nas árvores
fragilizadas.
Como um insecto cego e iludido,
sou atraído pelo fascínio da noite.
O oceano emociona-me,
assim como as rimas pobres:
amor e flor,
coração e paixão,
por exemplo.
Odeio injustiças, mas cometo-as,
fingindo desconhecimento.
Eis a minha única certeza:
tarde ou cedo,
serei triturado pelo velho moinho da morte,
cujas velas reinam, obscenas,
sobre todo o azar
ou sorte.
Mas estou vivo
e estou no mundo.
Ignorante e sábio,
doce e agressivo,
cobarde e capaz
de descobrir a coragem
no fundo do medo,
ingénuo e cínico,
em incessante aprendizagem:
eu, a medida de todas as coisas.
João Melo, in Auto-retrato
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