Terça-feira, 16 de Junho de 2009

Aprendizagem

As coisas estão no mundo

Só que eu preciso aprender

Paulinho da Viola

 

Eu, a medida de todas as coisas?

As coisas estão no mundo

e todos os dias me espanto com elas.

Espanta-me o grito profundo

dos violentos pássaros matutinos.

A pedra inerte

no meio do caminho

ou servindo de ariete

nas mãos do indignado estudante coreano

espanta-me.

Maior mistério não há

do que a cruel sucessão das estações,

ano após ano.

Assustam-me os sons

ecléticos do quotidiano:

buzinas, choros, canções.

Igualmente: o áspero açoite

do vento nas árvores

fragilizadas.

Como um insecto cego e iludido,

sou atraído pelo fascínio da noite.

O oceano emociona-me,

assim como as rimas pobres:

amor e flor,

coração e paixão,

por exemplo.

Odeio injustiças, mas cometo-as,

fingindo desconhecimento.

Eis a minha única certeza:

tarde ou cedo,

serei triturado pelo velho moinho da morte,

cujas velas reinam, obscenas,

sobre todo o azar

ou sorte.

Mas estou vivo

e estou no mundo.

Ignorante e sábio,

doce e agressivo,

cobarde e capaz

de descobrir a coragem

no fundo do medo,

ingénuo e cínico,

em incessante aprendizagem:

eu, a medida de todas as coisas.

 

João Melo, in Auto-retrato

Rabiscado por... misal às 14:48
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