Admito que posso não ter muita sorte nos contactos sociais que travo, mas ao fim de tantos anos de existência, já me parece coincidência a mais só conseguir conhecer três tipos de pessoas no que toca a tomar iniciativas: aqueles a quem chamo «os fazedores», «os comedores» e «os idiotas»!
Os primeiros, como é óbvio, são os empreendedores, aqueles que vencendo medos e limitações de diversa espécie avançam, tentando superar os obstáculos com que se vão deparando estrada fora. Se não conseguem atingir os seus objectivos à primeira, tentam segunda e terceira vez e aquelas que necessário for, ou optam por outro caminho que surta melhor efeito.
Os «comedores» são os parasitas típicos, com capacidades semelhantes aos anteriores mas medos maiores ou, o que me parece mais plausível, com menos vontade de se expor aos escolhos da vida e aos olhares dos outros, receando enfrentar seres porventura mais poderosos e criar anti-corpos que lhes possam ser fatais na ascensão rápida que procuram, seja ela a nível profissional, pessoal, social... Pois se existem seres que vão em frente, por que razão não colher os frutos daquilo que os «fazedores» produzem, com um mínimo de esforço e sem correr riscos nenhuns?
Finalmente, «os idiotas», em quase tudo semelhantes aos «comedores», excepto num ponto: têm sempre opinião sobre tudo, sabem sempre a melhor maneira de solucionar os dilemas, de resolver as situações, apresentam ideias atrás de ideias…embora nunca concretizem as maravilhosas soluções que imaginaram! Porquê? Se existem seres com tanta vontade de fazer algo, que marcam posições, que agem, por que razão impedi-los? Não é que as ideias dos «fazedores» sejam melhores, aliás, segundo os «idiotas» a maior parte das vezes aquilo que é feito foi o que já tinham pensado ou sugerido, mas… não houve tempo, alguém foi adiante, na altura estavam ocupados… Não se julgue porém, não serem lestos a usufruírem, tal como «os comedores», dos benefícios que outros obtiveram à custa de esforço e persistência.
Se os resultados atingidos pelos «fazedores» são convenientes, perfeito, ainda que os representantes das duas outras espécies raramente lhes louvem o mérito. Se, por acaso, algo de menos proveitoso sucede, pois ainda bem que não fizeram nada... não têm culpa! Uns, coitados, nem se aperceberam de nada; os outros, até tinham sugerido algo de diferente, mas ninguém os escutou nem os deixaram avançar em primeiro lugar...
E oportunistas e fantasiosos lá vão seguindo, na sombra e com cuidado não vá alguém vê-los e supô-los capazes de algo incorrecto ou merecedor de crítica, aqueles que fazem das tripas coração para tentar vencer as agruras da vida e que apenas dependem de si próprios e da sua ousadia para vencer as hesitações e as fraquezas que, tal como os outros, também possuem.
Nós, que ouvimos também com os olhos!
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