Ainda não sou capaz de fazer o balanço de ontem, porque ainda está tudo tão fresco, o coração e a cabeça tão cheios que não sei por onde começar nem o que dizer! Acho melhor deixar passar o tempo necessário para que tudo cicatrize e para que eu consiga reflectir com calma em tudo o que aconteceu, em tudo o que disse e senti, em tudo o que ouvi (como é óbvio, passou-me muita coisa ao lado, porque havendo conversas cruzadas e mesmo sem isso, há muito que não consigo perceber devido às dificuldades auditivas), o que pressenti, o que julgo adivinhar...e não quero precipitar-me antes de saborear muitas vezes o que aconteceu!
Daí hoje postar aqui um vídeo (apesar de tudo porque o seu conteúdo evoca em mim, de alguma forma, o dia de ontem!), com um poema dito por Mário Viegas, seguido de uma canção do compositor/cantor ribatejano Pedro Barroso, "Menina dos Olhos d'Água". E porque há quem não possa ouvir, ou possa não compreender tudo, transcrevi os dois poemas, o dito pelo actor/"diseur" (também ribatejano) Mário Viegas e o da canção de Pedro Barroso. Peço desculpa se alguma coisa não estiver bem...é que eu sou surda e ouvi tudo diversas vezes, mas há palavras das quais não estou segura (se houver erros, por favor corrijam-me, ok? Já agora, se souberem quem é o autor do poema, esclareçam-me também!):
Nascido do frio e da vertigem,
um teimoso sol desponta em cada madrugada.
Com esse sol renasce também em cada homem,
a esperança de um dia novo,
distinto, absoluto e diferente,
em que tudo pudesse acontecer pela primeira vez.
Enchem-se, então, os olhos de espanto e de memória
e rebenta-nos uma saudade enorme do futuro
e uma sede tranquila de infinito.
E a cada novo dia reaprendemos o ciclo
e a cada novo dia nos apaixonamos e resistimos
e resssuscitamos do enorme chão de água que nos cerca.
dito por Mário Viegas
MENINA DOS OLHOS D'ÁGUA
Menina,
em teu peito sinto o Tejo
e vontades marinheiras de aproar.
Menina,
em teus lábios sinto pontes
de água doce que corre sem parar.
Menina,
em teus lábios vejo o espanto (tanto? esteio??? -help!!!)
e em teus cabelos nuvens de encantar.
E em teu corpo inteiro sinto o feno
rijo e tenro, que nem sei explicar.
E se houver alguém que não goste,
não gaste, deixe ficar;
que eu só por mim quero-te tanto,
que não vai haver menina para sobrar!
Aprendi nos "Esteiros" com Soeiro
e aprendi na "Fanga" com Redol;
tenho no rio grande o mundo inteiro
e sinto o mundo inteiro no meu colo.
Aprendi a amar a madrugada
que desponta em mim quando te ris;
és o rio cheio de água lavada
e dás rumo à fragata que escolhi.
E se houver alguém que não goste,
não gaste, deixe ficar;
que eu só por mim quero-te tanto,
que não vai haver menina para sobrar! (2 vezes)
Pedro Barroso
Nós, que ouvimos também com os olhos!
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