A pedido de «várias famílias» e da artista em questão, triste por não se ver destacada neste espacinho, anuncio ao mundo inteiro que temos mais uma Coganita implantada, a «minha/nossa» N.!! E que brevemente será activada, que é como quem diz, o implante vai ser posto a funcionar e aí não há mais maneira de a enganarmos, porque ela vai ouvir e perceber tudo o que dizemos - pouco a pouco, com calma e treino, claro!!
Portanto, para o anúncio ser «como devá sêri», como se diz por estas bandas, cá estão os foguetes e a Gal Costa a cantar a «festa do interior»!! Espero que a «artista» N. não reclame...mesmo não ouvindo bem (ainda!!!) a canção!
Ah...e prá activação...pois terá de haver festa, claro!!!
O Professor como Mestre
Não me basta o professor honesto e cumpridor dos seus deveres; a sua norma é burocrática e vejo-o como pouco mais fazendo do que exercer a sua profissão; estou pronto a conceder-lhe todas as qualidades, uma relativa inteligência e aquele saber que lhe assegura superioridade ante a classe; acho-o digno dos louvores oficiais e das atenções das pessoas mais sérias; creio mesmo que tal distinção foi expressamente criada para ele e seus pares. De resto, é sempre possível a comparação com tipos inferiores de humanidade; e ante eles o professor exemplar aparece cheio de mérito. Simplesmente, notaremos que o ser mestre não é de modo algum um emprego e que a sua actividade se não pode aferir pelos métodos correntes; ganhar a vida é no professor um acréscimo e não o alvo; e o que importa, no seu juízo final, não é a ideia que fazem dele os homens do tempo; o que verdadeiramente há-de pesar na balança é a pedra que lançou para os alicerces do futuro.
A sua contribuição terá sido mínima se o não moveu a tomar o caminho de mestre um imenso amor da humanidade e a clara inteligência dos destinos a que o espírito o chama; errou o que se fez professor e desconfia dos homens, se defende deles, evita ir ao seu encontro de coração aberto, paga falta com falta e se mantém na moral da luta; esse jamais tornará melhores os seus alunos; poderão ser excelentes as palavras que profere; mas o moço que o escuta vai rindo por dentro porque só o exemplo o abala. Outros há que fazem da marcha do homem sobre a Terra uma estranha concepção; vêem-no girando perpetuamente nos batidos caminhos; e, julgando o mundo por si, não descobrem em volta mais que uma eterna condenação à maldade, à cegueira e à miséria; bem no fundo da alma nenhuma luz que os alumie e solicite; porque não acreditam em progresso nenhuma vontade de melhorar; são os que troçam daquilo a que chamam «a pedagogia moderna»; são os que se riem de certos loucos que pensam o contrário.
Ora o mestre não se fez para rir; é de facto um mestre aquele de que os outros se riem, aquele de que troçam todos os prudentes e todos os bem estabelecidos; pertence-lhe ser extravagante, defender os ideais absurdos, acreditar num futuro de generosidade e de justiça, despojar-se ele próprio de comodidades e de bens, viver incerta vida, ser junto dos irmãos homens e da irmã Natureza inteligência e piedade; a ninguém terá rancor, saberá compreender todas as cóleras e todos os desprezos, pagará o mal com o bem, num esforço obstinado para que o ódio desapareça do mundo; não verá no aluno um inimigo natural, mas o mais belo dom que lhe poderiam conceder; perante ele e os outros nenhum desejo de domínio; o mestre é o homem que não manda; aconselha e canaliza, apazigua e abranda; não é a palavra que incendeia, é a palavra que faz renascer o canto alegre do pastor depois da tempestade; não o interessa vencer, nem ficar em boa posição; tornar alguém melhor — eis todo o seu programa; para si mesmo, a dádiva contínua, a humildade e o amor do próximo.
Agostinho da Silva, in 'Considerações'
NOTA: transcrito de «O Citador»
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«que parte fica de mim no fogo ateado em volta, que parte?» José Jorge Letria
«Nunca é demasiado tarde para seres aquilo que devias ter sido» George Sand
E se eu não sei quem deveria ter sido? E se eu até sei e até fui quem deveria ter sido, quem deverei ser a partir de agora, já que o tempo, como dizia a canção, não volta atrás? E como saber quem deverei ser, melhor, quem consentir ser (vide post anterior, excelentíssimo leitor! Se ainda não o leu, vá lá primeiro e volte aqui depois, que este post não foge, espero eu!)?
Passamos a vida inteira a ter de escolher e bem pequenos já nos perguntam o que queremos ser quando formos grandes...Sei eu lá, com 4, 5, 6, o que quero ser, se ainda nem percebi quem sou e quem são os outros! Para pergunta idiota, resposta...igual: «pastora!», respondi eu, possivelmente ainda a pensar no papel desempenhado na festa de Natal da escola! Ou então a sonhar com pradarias imensas, bicharada mais ou menos auto-suficiente e um cão em brincadeiras comigo o dia todo...a ver existir a «Casa na Pradaria», sem as partes dramáticas habituais!
Aos 14, 15 anos pediram-me que escolhesse quem queria ser, e lá foi, não «pim, pam, pum», mas eu Mafaldinha me confesso, sendo do contra, seguindo o José Régio, «Não sei por onde vou, só sei que não vou por aí!».
Secundário acabado, volta a escolher e novas indecisões - credo, só tenho 17 anos, sei lá o que quero ser, aquilo em que quero trabalhar! E mais uma vez o Régio a ganhar: isto não, aquilo também não, isto não pode ser porque nunca escolhi aquilo, então resta...
Faculdade pronta...bom, agora com este curso só posso ser isto, vamos lá ver como é... E anos atrás de anos até finalmente perceber que sim, que até estava a ser quem devia ser e que sim, até gostava!
Em toda a novela há voltas e reviravoltas, golpes do destino, personagens que o autor reescreve à medida das conveniências dele próprio, dos restantes actores, do produtor, dos fãs... E esta não foi excepção, pelo que o episódio com esta personagem reinventada já começou há algum tempo...ainda sem destino à vista, ainda sem saber bem o que deverei consentir ser, agora que já não me consentem ser aquilo que era e que não há maneira de me deixarem experimentar o azul do céu.
Volto ao princípio, aos 5, 6 anos…acho que mais logo quero correr pela pradaria, debaixo de um solinho morno, com cão afável...e sem índios maus, please!!!!!!!!!!!
Nós, que ouvimos também com os olhos!
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