«- Mas não achas estranho que, mesmo vindo de dois planetas diferentes, sejamos tão parecidos? (...)
- Se tu habitasses num vale profundo e eu viesse de um vale semelhante ao teu, não poderíamos escalar, cada um do seu lado, e dar as mãos no cimo de uma alta montanha? (...) Mesmo que fossem muitos os caminhos que levam ao cume, a montanha em si seria exactamente a mesma. E também devemos ser semelhantes, porque cada um de nós seria uma espécie de alpinista. Poderíamos levantar um grande monte de pedras no cume, e poderíamos sentar-nos em cima dele e recuperar o fôlego depois da longa escalada. Por uma vez poderíamos dar-nos ao luxo de esquecer os problemas do vale, porque os teríamos deixado para trás. (...)
- Queres dizer que vens de um planeta e eu de outro - disse, - mas que, apesar disso, podemos encontrar-nos na mesma montanha?
Mika anuiu:
- A questão não é de onde vimos, mas também para onde vamos. Temos origens diferentes, talvez muito diferentes; eu sou um mumbo, ao passo que tu és um mamífero. Mas com o passar dos anos, a minha espécie e a tua tornaram-se cada vez mais parecidas.»
Jostein Gaarder, Olá! Está aí alguém?
Aos anos que não pegava neste livro! Hoje fui buscá-lo, abri-o ao acaso e encontrei esta passagem, que me fez pensar nos «meus companheiros de luta» (os «Coganitos») e em todas as pessoas que cruzaram a minha vida pelos motivos mais diversos e que nela permanecem - porque quando parámos para descansar no alto da montanha nos encontrámos e conseguimos recuperar nos outros a força de que precisávamos para voltar a descer a montanha!
"Cigarra", cantada por Simone e por Milton Nascimento
Nós, que ouvimos também com os olhos!
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